Não sei você, mas às vezes eu penso tanto sobre Itaquaquecetuba. Nunca fui lá, mas assistia Silvio Santos quando menina e lembro como se fosse hoje do “Cadê a caravana de Itaquaquecetuba? Quero ouvir a caravana de Pindamonhangaba!”. Lembra? Eu ficava horrorizada, embora conhecesse de perto o potencial trava línguas de Sirinhaém, Tracunhaém, Tuparetama e Tupanatinga, cidades do meu estado. É que Itaquaquecetuba vai um dedinho mais pra frente, vai não? Imagina o coitado do itaquaquecetubense (ou itaquaquecetubano) em idade de alfabetização, que trabalheira danada. Ou mesmo o cidadão já alfabetizado escrevendo uma carta ou a página de um diário: “Itaquaquecetuba, 2 de junho de 2025. Talvez hoje eu tenha me apaixonado por fulana de tal”. Esse merece um olhar recíproco de Fulana e que sejam felizes para sempre.
Fui dar Google pra começar o parágrafo contando qualquer coisa como esta cidade que tem clima subtropical úmido, 82 km 2 e bla bla bla, mas o Google se saiu com um parágrafo muito melhor. Dizia assim: Itaquaquecetuba, ou simplesmente Itaquá, é um município brasileiro do estado de São Paulo, localizado na Região Metropolitana… Itaquá é maravilhoso.
Ontem, eu voltava do interior e toda vez que Itaquaquecetuba aparecia na placa eu imaginava ela tão folgada. Sabe esse povo que não quer nem saber se tá gastando mais espaço do que os outros? Pede palavra em palestra e fala mais que o palestrante, domina (mal) o assunto em mesa de bar, sai antes da conta e deixa o equivalente a uma cerveja no centro da mesa como se não tivesse tomado água, nem caipirinha, como se não tivesse comido da porção de filé com batata frita que ela mesmo pediu, como se nunca tivesse ouvido falar dos 10% do garçom? Pronto, pra mim Itaquá é dessas.
Vê Itu. Itu tem 640 km 2, rapaz, cheia de orelhão gigante, e tá aí, quietinha, ocupando 3 letras da placa de trânsito. Exu em Pernambuco é igualzinho. Fez Luiz Gonzaga, Luiz Gonzaga, Lu-iz-Gon-za-ga e fica tranquila no cantinho dela sem aperrear um único designer do Detran.
Não. Na verdade, deve ser massa, Itaquaquecetuba. Pindamonhangaba também. Desculpa. Sabe como se chama isso? Chama-se junho. Quando maio acaba, vem aquele cheiro de milho até no pão de forma, vai dando um vento cantarino, um quente de fogueira, uma vontade de pendurar bandeirola colorida no meio da sala, uma Luiz Gonzaguisse tão grande, tão grande, gigante mesmo, que o p ernambucano fora de Pernambuco implica até com placa de trânsito. Ô, rapaz. Como é que faz, eim? Boa semana, queridos, arranjem aí uma festinha de São João pra vocês.