Após cinco dias de internação, a gestante Ana Cleide Cruz de Souza, de 39 anos, e o bebê que ela esperava morreram no Hospital da Mulher e da Criança do Juruá, em Cruzeiro do Sul, no interior do Acre. O falecimento ocorreu na madrugada dessa terça-feira, 20, após a paciente apresentar agravamento no quadro de infecção e não resistir antes da realização do parto.
A direção do hospital nega qualquer tipo de negligência e afirma que seguiu todos os protocolos indicados pelo Ministério da Saúde. Segundo nota oficial, a paciente deu entrada já em estado grave, com ruptura prematura da bolsa e infecção severa, além de uma gestação de prematuridade extrema, com 30 semanas (Leia a nota na íntegra abaixo).
Moradora do município de Mâncio Lima, Ana Cleide deu entrada na unidade no dia 15 de maio, depois de procurar atendimento por dores e rompimento da bolsa amniótica. Durante os dias em que permaneceu internada, os sintomas se agravaram. Segundo relatos da família, ela sofreu com febre, calafrios, dores constantes e sinais visíveis de piora, como mãos e pés arroxeados, mas ainda assim houve demora na condução do parto.
O parto, de acordo com informações de familiares, seria feito no sábado, 17. Isto porque os médicos estariam alegando que a gestante estava com uma infecção; a cirurgia, no entanto, foi adiada novamente com a justificativa de que o quadro infeccioso impedia o procedimento. Na madrugada da terça, 20, quando finalmente foi decidido que o parto precisava ocorrer, Ana Cleide já estava em estado grave e morreu antes da cirurgia, junto com o bebê.
MP vai apurar o caso
O Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), por meio da Promotoria de Justiça Cível de Cruzeiro do Sul, abriu uma investigação preliminar para apurar as circunstâncias que levaram à morte da gestante e do bebê. O órgão busca reunir informações sobre a conduta da equipe médica e avaliar se houve falha no atendimento.
A partir da apuração, o MP poderá definir os próximos os e, se necessário, adotar medidas cabíveis. Enquanto isso, a família de Ana Cleide cobra respostas e justiça, acreditando que a tragédia poderia ter sido evitada.
Leia a nota da direção do Hospital da Mulher e da Criança do Juruá
Nota da direção
O Hospital da Mulher e da Criança do Juruá lamenta profundamente o falecimento da gestante de 30 semanas atendida na unidade e se solidariza com a família neste momento de dor.
A paciente deu entrada na maternidade com ruptura prematura da bolsa e um quadro grave de infecção, estando em uma gestação de prematuridade extrema, com 30 semanas.
Desde o primeiro atendimento, foram adotadas todas as medidas cabíveis para preservar a vida da mãe e do bebê, conforme os protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde.
Reafirmamos que todos os cuidados foram prestados de acordo com as melhores práticas médicas e os protocolos vigentes.
Iglê Monte
Diretora do Hospital da Mulher e da Criança do Juruá