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Em setembro de 2020 meu caminho cruzou com uma casa destruída
tinha um pouco de quase tudo
Era impossível não pensar quanta vida se ou naquele espaço.
Agora quanto vazio o ocupa, tomado por plantas e loucuras
Alguma coisa me pediu pra parar
e eu parei, queria gravar aquela cena
Talvez aquele cenário fizesse muito sentido
Até morango tinha lá
sapato, balão, serpentina
e muitos cacos
Existe uma casa em mim, que também pede reforma… E nela tem também um pouco de quase tudo
As festas que acabaram
os saltos que se quebraram
e cacos… incontáveis
Mas o teto ainda é o céu e nele o recomeço, a possibilidade do infinito que invade e faz a destruição
ter algum sentido
Dias depois daquele setembro, vi que colocaram um balão colorido, um disco de vinil, mais serpentina e uns fios de telefone
Ela é uma casa em constante movimento, parece nunca ser esquecida, nunca cair na mesmice, parece ser preparada pra combinar com o caminho percorrido
Esse balão com toda potência de voo, também chegou dentro de mim
A música voltou a tocar
No caminho tinha uma casa pronta, cheia de céu
e ela continua falando comigo.